Lágrimas de Sal

Sentes o que não dizes, dizes o que não sentes. Olhas-te ao espelho e não te reconheces, são os mesmos olhos que mergulham no seu reflexo e que procuram entender a todo custo o porquê de estarem na inconstância daquele lugar.

Viagem longa se reflecte na memória, enquanto aquele brilho continua a salgar um olhar, de um lado ao outro. Balanço de um barco perdido na imensidão de um oceano, controlando os ventos e as marés, esperando alcançar o destino desejado ou o paraíso sonhado, que se moldara com as horas e com os minutos.

O percurso não se desnudou dessa forma. Tinha tudo para se ter desenovelado com o movimento suave das ondas do mar, com o cheiro genuíno a maresia que ali se fazia notar constantemente.

Flutuam as imagens nunca esquecidas, tão longe e tão perto, com o brilho cintilante que os retalhos da alma mostram e escondem, abraçam e apertam, esmagam e destroem…

Debruças-te com um leve estender de mãos. Os dedos finos trespassam as águas que fervilham com tanta velocidade, as imagens desfazem-se, o perfume voa, risos ecoam, o coração explode… A barreira permanece, os olhos choram a falta de coragem, a falta de impulso para o mergulho nas palavras que não surgem e que existem por inteiro, ou em parte…

Voam palavras, levam-nas o vento… Fica o desejo…

... de ter mergulhado. Ali.

By Patrícia

(23/02/08)